Você sabia que a pressão alta pode estar ligada a um problema hormonal e não apenas ao excesso de sal, estresse ou sedentarismo? Pois é, nem sempre a hipertensão é “primária”, ou seja, sem uma causa definida. Em muitos casos, ela pode ser consequência de alterações hormonais, e reconhecer isso pode mudar totalmente o tratamento.
Neste artigo, você vai entender quando desconfiar de uma pressão alta de causa hormonal, quais doenças podem estar relacionadas e por que procurar um endocrinologista é fundamental.
O que é pressão alta e por que ela preocupa
A pressão alta, também chamada de hipertensão arterial, acontece quando a força que o sangue faz contra as paredes das artérias se mantém elevada de forma contínua. Esse é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, como infarto e AVC, que estão entre as principais causas de morte no Brasil e no mundo.
De forma geral, a hipertensão é diagnosticada quando a pressão arterial se mantém igual ou superior a 140×90 mmHg em várias medições. Na maioria das vezes, ela é chamada de hipertensão primária, ou seja, sem uma causa única e definida, geralmente associada a fatores de estilo de vida e predisposição genética.
Mas existe também a hipertensão secundária, que representa cerca de 10% dos casos. Nesse tipo, a pressão alta é consequência de outra doença, muitas vezes ligada ao funcionamento dos hormônios.
Quando desconfiar de uma pressão alta de causa hormonal
Nem sempre é fácil perceber quando a pressão alta pode ter origem hormonal, mas alguns sinais levantam suspeita:
- Pressão alta difícil de controlar, mesmo usando mais de um medicamento
- Início precoce, especialmente em pessoas jovens sem histórico familiar importante
- Crises súbitas de pressão muito elevada, acompanhadas de palpitações, suor excessivo ou dor de cabeça intensa
- Presença de outros sintomas hormonais, como ganho de peso rápido, alterações menstruais, fraqueza muscular ou aumento de pelos
Se você apresenta algum desses sinais, vale conversar com um endocrinologista para investigar se existe uma causa hormonal por trás da hipertensão.
Principais doenças hormonais que podem causar pressão alta
Algumas alterações hormonais são mais conhecidas por estarem relacionadas à pressão alta. Vamos entender as principais:
Hiperaldoesteronismo primário
Também chamado de síndrome de Conn, acontece quando as glândulas adrenais produzem aldosterona em excesso. Esse hormônio faz os rins reterem mais sódio e água, aumentando o volume de sangue e, consequentemente, a pressão arterial.
Além da pressão alta resistente a tratamento, o hiperaldoesteronismo pode causar baixa de potássio no sangue, levando a câimbras, fraqueza e arritmias.
Feocromocitoma
É um tumor raro das glândulas adrenais que provoca a liberação exagerada de adrenalina e noradrenalina. Essas substâncias deixam o corpo em alerta máximo, elevando a pressão arterial de forma abrupta.
Os sintomas típicos incluem crises de dor de cabeça intensa, palpitações, suor excessivo e ansiedade súbita, que podem durar minutos ou horas.
Síndrome de Cushing
Ocorre quando o corpo produz ou recebe cortisol em excesso, seja por alterações nas glândulas adrenais, hipófise ou uso prolongado de corticoides.
O excesso de cortisol aumenta a retenção de líquidos e altera o metabolismo, elevando a pressão arterial. Outros sinais comuns são acúmulo de gordura no abdômen e no rosto, estrias largas e arroxeadas, fraqueza muscular e alterações menstruais.
Por que procurar um endocrinologista?
O endocrinologista é o especialista responsável por investigar e tratar doenças hormonais. Quando a pressão alta tem uma causa hormonal, não adianta apenas aumentar o número de medicamentos para pressão. É preciso identificar e tratar a origem do problema.
Muitas vezes, o tratamento adequado pode até normalizar a pressão ou reduzir bastante a necessidade de remédios. Dependendo da causa, o manejo pode incluir:
- Cirurgia (em casos de tumores como feocromocitoma)
- Medicações específicas para controlar a produção hormonal
- Ajustes no uso de corticoides, quando o excesso é medicamentoso
- Acompanhamento multidisciplinar para mudanças de estilo de vida
Ignorar a possibilidade de uma hipertensão secundária pode atrasar o diagnóstico e aumentar o risco de complicações cardiovasculares graves.
Como é feita a investigação da pressão alta hormonal
O diagnóstico começa com uma boa consulta médica. O endocrinologista avalia o histórico do paciente, sintomas associados e realiza o exame físico.
Em seguida, podem ser solicitados exames de sangue, urina e imagem, como:
- Dosagem de hormônios (aldosterona, cortisol, catecolaminas)
- Testes específicos de supressão ou estímulo hormonal
- Ultrassonografia ou tomografia das glândulas adrenais
- Ressonância magnética da hipófise, se necessário
Cada caso é avaliado individualmente, e a investigação direcionada ajuda a evitar erros e garantir o melhor tratamento.
O impacto de descobrir a causa correta da pressão alta
Imagine alguém convivendo com pressão alta difícil de controlar, tomando vários remédios e ainda assim sem resultados satisfatórios. Ao descobrir que a origem é um feocromocitoma, por exemplo, a remoção cirúrgica do tumor pode devolver a qualidade de vida e até normalizar a pressão.
O mesmo acontece com o hiperaldoesteronismo primário: tratar a causa pode reduzir muito o risco de infarto, AVC e insuficiência cardíaca.
Ou seja, identificar a pressão alta de causa hormonal não só melhora o tratamento como também pode salvar vidas.
Conclusão: cuide da sua pressão com atenção especial à saúde hormonal
A pressão alta é um problema comum, mas nem sempre ela é causada apenas por fatores de estilo de vida. Em alguns casos, ela pode estar ligada a alterações hormonais.
Desconfiar dos sinais, buscar avaliação com um endocrinologista e realizar os exames adequados é fundamental para um diagnóstico preciso.
Se você ou alguém que você conhece apresenta pressão alta difícil de controlar, início precoce ou acompanhada de sintomas hormonais, não adie o cuidado. Marque uma consulta com a Dra. Ana Bárbara Trizzotti, endocrinologista especialista em saúde hormonal, e descubra o tratamento certo para o seu caso.
