Você já parou para pensar que não é apenas o que comemos, mas como comemos que pode impactar diretamente na obesidade? Muitas pessoas acreditam que a obesidade está ligada unicamente ao excesso de calorias, mas a ciência mostra que os padrões alimentares desempenham papel fundamental no ganho de peso, na dificuldade de emagrecer e até no desenvolvimento de doenças associadas, como diabetes e hipertensão.
Entender os diferentes tipos de padrões alimentares na obesidade é o primeiro passo para identificar comportamentos que podem estar sabotando sua saúde e buscar ajuda especializada.
Neste artigo, você vai conhecer os principais tipos de padrões alimentares na obesidade (hiperfágico prandial, comedor noturno, beliscador e compulsivo), como eles afetam o corpo e o que pode ser feito para tratá-los.
O que são padrões alimentares na obesidade?
Quando falamos em padrões alimentares na obesidade, estamos nos referindo a comportamentos repetitivos relacionados à forma de se alimentar, como horários, frequência e quantidade de comida ingerida. Eles não são apenas hábitos, mas sim perfis de comportamento alimentar que ajudam a explicar por que algumas pessoas ganham peso de forma mais rápida ou têm maior dificuldade de emagrecer.
De acordo com estudos publicados na literatura médica, esses padrões estão diretamente relacionados à desregulação dos sinais de fome e saciedade, ao impacto emocional da comida e até ao funcionamento do metabolismo.
Reconhecer esses padrões é essencial, porque muitas vezes a obesidade não está ligada apenas à vontade de comer, mas a fatores emocionais, psicológicos e até hormonais.
Padrão hiperfágico prandial: excesso nas refeições principais
O padrão hiperfágico prandial é caracterizado pelo consumo exagerado de alimentos nas refeições principais, como almoço e jantar. Pessoas que se encaixam nesse perfil costumam demorar a sentir saciedade, o que leva a pratos muito cheios, repetições e ingestão de calorias bem acima do necessário.
Esse comportamento pode estar relacionado a alterações hormonais como a grelina (hormônio da fome) e a leptina (hormônio da saciedade) e também à baixa percepção corporal.
Além disso, o hiperfágico prandial muitas vezes consome grandes quantidades de alimentos ricos em carboidratos simples e gorduras, o que aumenta ainda mais o risco de obesidade e síndrome metabólica.
Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), o desequilíbrio alimentar desse tipo pode desencadear resistência à insulina e aumentar as chances de desenvolver diabetes tipo 2.
Padrão comedor noturno: fome fora de hora
Outro padrão alimentar muito comum na obesidade é o comedor noturno, caracterizado pelo consumo excessivo de alimentos após o jantar ou até durante a madrugada. Muitas vezes, essas pessoas não sentem tanta fome durante o dia, mas à noite apresentam episódios de ingestão alimentar elevada.
Esse comportamento está associado a alterações no ritmo circadiano e nos níveis hormonais, principalmente de melatonina, cortisol e insulina. Estudos mostram que comer tarde da noite prejudica o metabolismo, aumenta o acúmulo de gordura abdominal e dificulta a perda de peso.
Além disso, o comedor noturno tende a escolher alimentos mais calóricos e menos nutritivos, como doces, massas e ultraprocessados, o que agrava ainda mais o risco de obesidade.
Padrão beliscador: pequenas porções, grandes impactos
O beliscador é aquela pessoa que passa o dia inteiro comendo pequenas quantidades, mas raramente faz uma refeição estruturada. O problema desse padrão é que a soma dos “beliscos” pode facilmente ultrapassar as calorias necessárias para o dia.
Normalmente, o beliscador recorre a lanches ultraprocessados, biscoitos, pães, salgadinhos e bebidas açucaradas, alimentos de alto índice glicêmico que favorecem picos de insulina e armazenamento de gordura.
Esse comportamento também está muito relacionado ao aspecto emocional: a comida funciona como válvula de escape para ansiedade, estresse ou até tédio.
Um levantamento realizado no Brasil mostrou que o aumento do consumo de ultraprocessados está diretamente ligado ao avanço da obesidade na população adulta.
Padrão compulsivo: quando a comida vira perda de controle
Entre os padrões alimentares na obesidade, o mais grave é o compulsivo, caracterizado por episódios em que a pessoa perde completamente o controle sobre o que está comendo. Nessas situações, ocorre a ingestão de grandes quantidades de comida em pouco tempo, acompanhada de sentimentos de culpa, vergonha e angústia.
Esse padrão está relacionado ao transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP), reconhecido pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Ele pode afetar profundamente a saúde física e emocional do indivíduo, aumentando o risco de depressão, ansiedade e isolamento social.
O tratamento do padrão compulsivo exige acompanhamento multiprofissional, incluindo endocrinologista, nutricionista e psicólogo.
Como identificar seu padrão alimentar
Reconhecer o padrão alimentar predominante é essencial para direcionar o tratamento da obesidade. Algumas perguntas podem ajudar:
- Você sente mais fome à noite do que durante o dia?
- Costuma repetir o prato nas refeições principais?
- Passa o dia beliscando sem perceber?
- Já teve episódios de comer muito sem conseguir parar?
Essas reflexões são o primeiro passo para entender os comportamentos que estão influenciando o peso e a saúde.
Estratégias de tratamento dos padrões alimentares na obesidade
O tratamento não é apenas sobre restrição de calorias, mas sim sobre reeducação alimentar e comportamental. Entre as principais estratégias estão:
- Acompanhamento endocrinológico para avaliar desequilíbrios hormonais
- Plano alimentar personalizado com nutricionista
- Psicoterapia para lidar com ansiedade, compulsão ou comer emocional
- Técnicas de atenção plena para melhorar a percepção de saciedade
- Avaliação de medicamentos em casos específicos, sempre com prescrição médica
Estudos mostram que pacientes que recebem acompanhamento multiprofissional têm resultados mais consistentes e duradouros no tratamento da obesidade.
Conclusão: seu padrão alimentar pode estar impedindo seu emagrecimento
Agora que você conhece os principais padrões alimentares na obesidade, fica claro que identificar e tratar esses comportamentos é essencial para conquistar uma vida mais saudável.
Seja você hiperfágico prandial, comedor noturno, beliscador ou compulsivo, cada padrão exige uma estratégia específica de cuidado e tentar resolver sozinho nem sempre traz resultados.
O acompanhamento com um especialista é fundamental para transformar sua relação com a comida, alcançar o peso adequado e reduzir riscos de doenças graves.
A Dra. Ana Bárbara Trizzotti, médica endocrinologista, pode ajudar você a identificar seu padrão alimentar e traçar um plano individualizado de tratamento. Agende sua consulta e dê o primeiro passo para recuperar sua saúde e qualidade de vida.